Quando percebi que estava envelhecendo



Esta tarde aconteceu algo curioso. Não é algo fenomenal e para te falar a verdade é algo que qualquer um pode perceber e constatar, eu estou envelhecendo. O acontecimento que irei narrar em seguida foi uma forma bonita de me  fazer perceber tal fato inevitavél da vida.
 Estava (e ainda estou) no meio de um dia de trabalho normal, grampeando folhas... Até que o telefone tocou e eu fui atender. Era a mãe de uma aluna do jardim me pedindo para ir verificar se a filha dela, Valentina*, estava chorando na sala de aula, pois era seu segundo dia no colégio e ela ainda ficava muito assustada. Para acalmar a mãe, fui correndo, tomada pela sua preocupação, até a salinha colorida e muito enfeitada da turminha do jardim II, a sala da Valentina. Quando abri a porta, me deparei com vários olhinhos agitados olhando pra mim e todos (sem nem a professora pedir) me receberam com um caloroso "OOOOIIII TIIIIIIIAAAAA". Toda desarmada em frente a todos aqueles rostinhos felizes eu senti vontade de ficar. Estavam todos brincando, e algumas menininhas curiosas, com seus quatro ou cinco aninhos de idade, vieram perguntar o meu nome e se eu também iria dar aulas pra elas.
 Acho que fiquei meio em transe, até que a professora me perguntou qual era o problema e eu lhe expliquei a situação. Valentina brincava feliz com seus lápis de colorir e sequer se preocupava com o mundo lá fora, e isso significava que minha missão havia acabado. Me virei e quando estava indo embora uma das menininhas me abraçou e pediu para que eu voltasse. Oh, senti meu estômago revirar de uma forma engraçada e meus olhos se enchendo de lágrimas (Podem me achar uma sentimental) e disse que voltaria. Saí da sala com vontade de cuidar, com a percepção que havia alguma coisa de "errado" comigo. Fui conversar com a psicóloga e o que ela me disse me deixou espantada:

"Mas ora bolas, você vai fazer 20 anos, mocinha. Nunca soube o que era instindo maternal?"

 Liguei de volta para a mãe da Valentina, a valente, e a tranquilizei e a parabenizei por cuidar tão bem e se preocupar com sua menininha. O suspiro de alívio da mãe foi compartilhado comigo e eu pude voltar feliz ao meu trabalho de "Tia Geizi".


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* O nome não é o real.

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